prece poética
Feb 18, 2024
às botas
matinais calçadas pelo dever social
à rotina
coberta de minúcias mal fotografadas
ao suor
escorrendo pelo rosto como a última aposta
à pretensão
de escrever algo nobre e epopeico
ao barulho
do aspirador de pó que limpa e ensurdece
à corrosão
que saliva pelas beiradas de uma relação amorosa
ao detergente
que ensaboa as mãos de espiritualidade
à cama
que repousa a energia de um café em pó
ao corpo
que um dia nos deixará, finalmente, em paz
a-
mém.